terça-feira, 28 de outubro de 2008

MAM60 - KRAJCBERG:NATURA



Com curadoria de Annateresa Fabris e Luiz Camillo Osório, do conselho consultivo do MAM-SP, a história do Museu de Arte Moderna de São Paulo é a base para uma análise da trajetória da arte moderna e contemporânea no Brasil na exposição “MAM 60”, que a instituição promove na Oca. A entrada franca é um presente para o público na comemoração do 60º aniversário do museu. A mostra tem patrocínio de Banco Safra, Credit Suisse, Grupo Pão de Açúcar e Redecard, e apoio cultural de Banco Espírito Santo, Itaú, Pirelli e Unigel.
São mais de 500 obras em exibição, incluindo 45 trabalhos do primeiro acervo do MAM-SP, doado à USP em 1963 e hoje no MAC-USP, além de 200 documentos, entre catálogos, folders e cartazes de exposições, cartas, projetos e contratos que retomam a trajetória de um dos museus mais relevantes no cenário artístico nacional.
A história da constituição de uma identidade moderna no Brasil e a da criação dos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro (que também completa 60 anos em 2008) estão intimamente ligadas e não poderiam existir de outra forma. A mostra parte de um núcleo do modernismo histórico da primeira metade do século 20 e chega até o presente, pondo em foco tanto as dificuldades de institucionalização do ideário modernista como sua possível e problemática atualidade na cena contemporânea. Põe-se em xeque uma visão de arte moderna como algo homogêneo e de contornos definidos.
O núcleo documental encontra-se no piso térreo da Oca. Nele, serão destacados alguns aspectos centrais da história do MAM, desde sua fundação em 1948 até os dias de hoje. Por intermédio de documentos de diferentes naturezas e de obras associadas a momentos pontuais da vida do museu, a mostra fornece ao público um panorama de uma história complexa, caracterizada pela busca de uma identidade (fundação e constituição da coleção, relações com o Museu de Arte Moderna de Nova York, exposição inaugural, criação da Bienal), pela perda de rumos (dissolução da coleção em 1963) e pela descoberta de um novo modo de ser, para o qual o contemporâneo acabou se tornando a dimensão principal (de 1963 aos dias de hoje), sem, por isso, excluir a presença do moderno.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo promove, também na Oca, “Frans Krajcberg: Natura”, com entrada franca. Na mostra, o artista brasileiro precursor da arte ecológica no Brasil retoma as premissas propostas no Manifesto do Rio Negro, que será lido na abertura pela atriz Christiane Torloni, em cerca de 65 esculturas e 40 fotografias feitas e selecionadas por ele. Krajcberg é o artista convidado para a celebração dos 60 anos do MAM-SP. No Manifesto, firmado em parceria com Pierre Restany e Sepp Baendereck em 1978, são lançadas as bases conceituais para uma nova consciência ambiental e existencial, denominada de naturalismo. A idéia é que a arte, assim como a visão ambiental do ser humano, seja destituída da busca pelo poder, em qualquer âmbito que isso possa ser encontrado (social, político, religioso), para encontrar uma nova sensibilidade aguçada, livre de julgamentos e diretamente ligada à limpeza e prontidão da percepção.





O Brasil, cuja maior riqueza é a


natureza, está próximo de se tornar


um país de caatinga e cerrados,


com exceção de alguns parques e


monumentos ecológicos. Estamos


próximos do completo esgotamento


dos nossos recursos naturais.


Precisamos urgentemente distinguir


o uso do abuso, a exploração da


devastação. Só assim os recursos


naturais poderão continuar sendo


usados pelo homem.


FRANS KRAJCBERG

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